SERRAS MUDAM, CRÂNIO SORRI: GEÓLOGO DESENCADEIA HORRORES NAS ENTRANHAS DA MANTIQUEIRA?

SERRAS MUDAM, CRÂNIO SORRI: GEÓLOGO DESENCADEIA HORRORES NAS ENTRANHAS DA MANTIQUEIRA?

**Vila do Vale, 15 de Outubro de 2023** – A calma que sempre pairou sobre as imponentes montanhas da Serra da Mantiqueira, ponto de orgulho e sustento de nossa pacata Vila do Vale, foi brutalmente dilacerada nas últimas semanas. O que começou como uma expedição rotineira de um renomado, porém solitário, geólogo, transformou-se em um conto de horrores sussurrado pelos ventos gelados que agora assombram os picos. O Dr. Elias Thorne, homem de ciência conhecido por sua tenacidade e, segundo boatos, por uma mente por vezes… inquieta, desapareceu após uma descoberta que, se os rumores forem precisos, pode ter abalado os alicerces de nossa realidade.

Os primeiros indícios do que estava para acontecer surgiram com a chegada do Dr. Thorne à região há um mês. Ele alugou uma cabana isolada nos arredores da trilha principal para a Pedra do Sino, um ponto notoriamente menos explorado. Seus contatos locais, na época, falavam de um entusiasmo quase febril, quase maníaco. “Ele falava em ‘desvendar segredos’ e ‘linguagens esquecidas'”, lembra Dona Lurdes, proprietária do único armazém próximo, cujos olhos ainda refletem um temor recém-descoberto. “Eu achei que era só mais um desses doutores com a cabeça nas nuvens, mas agora… agora eu não sei mais o que pensar.”

Fontes confiáveis, que pediram para não ter seus nomes revelados por medo de represálias ou, quem sabe, de atrair a atenção indesejada do que quer que tenha sido despertado, relatam que o Dr. Thorne se aventurou em uma área remota das montanhas, onde as rochas exibem formas incomuns e a vegetação é peculiarmente densa. Foi lá, nas profundezas de uma fenda recém-descoberta, que ele teria encontrado a caverna. E dentro dela, o impensável: um santuário silencioso, adornado com inscrições rupestres que desafiavam qualquer interpretação geológica ou arqueológica conhecida.

As descrições das pinturas são perturbadoras. Não eram os desenhos estilizados de animais e caças que se esperaria encontrar. Eram figuras contorcidas, geometrias impossíveis, e um símbolo recorrente: uma forma que lembrava um crânio humano, mas com um sorriso largo e horrendo, com dentes que pareciam se alongar indefinidamente. “Ele descreveu como algo ‘brutalmente lógico, mas profundamente errado'”, contou um ex-assistente do Dr. Thorne, que preferiu se comunicar por e-mail, temeroso de ser localizado. “Ele estava obcecado em decifrar. Dizia que era uma ‘chave’, uma ‘forma de controle’.”

O controle, no entanto, parece ter se voltado contra ele. Nas semanas que se seguiram à sua expedição mais profunda, a paisagem ao redor da Pedra do Sino começou a mudar. As árvores, antes imponentes e verdes, agora se retorcem em formas grotescas, seus galhos se assemelham a garras nodosas que arranham o céu nublado. As rochas ganharam tonalidades escuras e um brilho oleoso que não condiz com a geologia local. A água dos riachos, antes cristalina, corre agora com um tom turvo e viscoso, e um odor metálico e fétido paira no ar.

Caçadores que se aventuraram na área, relatam ter visto sombras se movendo entre as árvores distorcidas, formas que não pertenciam a nenhum animal conhecido. Sussurros foram ouvidos, vozes que pareciam vir de todas as direções ao mesmo tempo, carregando palavras em uma língua gutural e incompreensível. O medo, que antes era um murmúrio discreto entre os moradores de Vila do Vale, agora se tornou um grito silencioso que ecoa em cada rua, em cada olhar apreensivo.

O prefeito local, Sr. Valdemar Ribeiro, em uma coletiva de imprensa marcada pela tensão, tentou acalmar os ânimos. “Estamos investigando as alegações”, declarou com a voz embargada. “Equipes de busca foram enviadas. É provável que o Dr. Thorne tenha se perdido ou sofrido um acidente. A natureza é traiçoeira.” No entanto, seus olhos traíam uma inquietação que desmentia suas palavras tranquilizadoras. Ele se recusou a comentar sobre as mudanças na paisagem, atribuindo-as a “fenômenos naturais incomuns”, uma resposta que poucos aceitaram.

Nenhum sinal do Dr. Elias Thorne foi encontrado. Nem mesmo seus equipamentos de exploração. A única coisa que resta é a paisagem transformada, um testemunho silencioso e aterrador de um ato de curiosidade que, segundo os mais supersticiosos e agora, segundo o próprio Silas Thorne, o Cronista do Insólito, pode ter liberado algo ancestral e malévolo. A Serra da Mantiqueira, outrora um refúgio de beleza e serenidade, tornou-se um cenário de pesadelo. E o sorriso do crânio nas inscrições rupestres, que antes era apenas um enigma, agora parece nos encarar, um prenúncio sombrio do que está por vir. Continuaremos a investigar, mesmo que a própria terra se volte contra nós.


Por: Silas Thorne, o Cronista do Insólito

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