Uma cientista cética é forçada a acreditar em magia negra quando sua nave espacial é cercada por espectros.

Uma cientista cética é forçada a acreditar em magia negra quando sua nave espacial é cercada por espectros.

**A SEMENTE DO MEDO NO ESPAÇO PROFUNDO: O DIA EM QUE A CIÊNCIA ENCONTROU A SOMBRA**

**O silêncio ensurdecedor da órbita a 300 mil quilômetros da Terra costuma ser o refúgio da Dra. Helena Vargas. Astrônoma renomada, sua vida é um hino à lógica, às equações, à matéria mensurável. No entanto, na noite de quinta-feira, o cosmos decidiu provar que nem toda verdade se encontra em telescópios ou em laboratórios esterilizados.**

“Eu sempre fui a prova viva de que o universo é governado por leis, por forças previsíveis. A gravidade, a relatividade, a expansão… tudo isso era meu mantra”, desabafa Helena, a voz embargada, em um contato de áudio instável. O eco da sua voz, vindo da estação espacial *Perseu III*, soa estranhamente distante, não apenas pela quilometragem, mas pela desorientação palpável.

Helena, 42 anos, nunca foi de superstições. Cresceu em São Paulo, filha de um professor universitário e de uma enfermeira, em um lar onde a ciência era tratada com o reverência de uma divindade. Desde criança, se fascinava com as estrelas, com a promessa de desvendar o que o homem não podia alcançar com os pés firmes no chão. Anos de dedicação a transformaram em uma das mais promissoras cientistas espaciais do Brasil, liderando a missão *Olhar Brasileiro*, cujo objetivo era mapear anomalias gravitacionais na Cinturão de Kuiper.

A solidão, para ela, era um preço justo pela descoberta. Meses em órbita eram rotina: análises de dados, manutenção dos equipamentos, e longas horas de observação. O contato com a família era via chamadas de vídeo programadas, o cheiro de café fresco substituído pelo aroma metálico do ar reciclado. A Dra. Lena, como a chamam os poucos membros da tripulação, era a rocha da equipe, a voz da razão em meio a potenciais perigos cósmicos.

Mas naquela noite, o perigo não veio de asteroides ou de falhas técnicas. Veio de dentro.

“Começou sutil. Uma sensação de frio que não vinha do sistema de ventilação. Sombras nos cantos da visão que sumiam quando eu olhava diretamente”, descreve Helena, com pausas longas, como se lutasse para encontrar as palavras certas. “O engenheiro de sistemas, o Ricardo, também começou a reclamar. Dizíamos que era o estresse da longa missão, a pressão psicológica. Até que… até que as luzes começaram a piscar de forma errática, mas não era uma pane. Era… intencional.”

Segundo Helena, a tripulação da *Perseu III* – composta por ela, o já mencionado Ricardo Alves (45 anos, engenheiro de sistemas) e a bióloga Dra. Sofia Menezes (38 anos) – testemunhou o impensável. As janelas da estação, que davam para o infinito negro pontilhado de estrelas, teriam sido subitamente tomadas por… formas.

“Não eram falhas na imagem, não eram ilusões de ótica. Eram formas escuras, translúcidas, que se moviam com uma fluidez que desafiava qualquer física que eu conheça. Pareciam… espectros. Figuras humanas distorcidas, deslizando pela superfície externa da nave. Elas batiam suavemente no vidro, como se quisessem entrar. Eram centenas, talvez milhares.”

A Dra. Sofia Menezes, em um áudio separado, confirma o relato, embora com um tom ainda mais aterrorizado. “Eu vi o medo nos olhos da Helena, e isso nunca acontece. Ela é tão forte. Quando eu olhei para fora… foi o pior pesadelo que um ser humano pode ter. Aquelas… coisas… pareciam famintas. A Sofia começou a chorar, rezava em voz alta. Eu nunca vi nada assim. Nem nos filmes de terror mais bizarros.”

A comunicação com a Terra se tornou intermitente, interrompida por estalos e interferências que os técnicos em Houston não conseguiam explicar. “Nossos sistemas de comunicação foram atacados de uma forma que não entendo”, afirma o Comandante da Missão na Terra, General Almeida. “Não foram ataques cibernéticos convencionais. Parece que as próprias ondas de rádio foram… distorcidas. Algo que bloqueou nossa capacidade de obter dados claros.”

Enquanto isso, a bordo da *Perseu III*, o ceticismo de Helena se esfacelava como poeira estelar. “Eu tentei racionalizar. Radiação, campo magnético anômalo, até mesmo um surto psicótico coletivo. Mas não importa o quanto eu me esforce, a realidade que vi não se encaixa em nenhuma teoria científica. As entidades não tinham massa, não emitiam calor detectável, mas sua presença era palpável. Sentíamos o frio, o pânico. E aquele silêncio que elas traziam… um silêncio que engolia o som do universo.”

A tripulação passou horas em um estado de pânico contido, trancados na parte mais segura da estação, enquanto os espectros pareciam dançar ao redor da estrutura. Helena, a cientista que acreditava apenas no que podia provar, se viu diante de algo que desafiava sua existência. Algo que a confrontava com a possibilidade de forças além da compreensão humana, de energias que a ciência, em sua busca por leis universais, talvez tivesse ignorado por conveniência.

O que eram essas entidades? Eram ecos de civilizações perdidas? Manifestações de medos cósmicos? Ou, como alguns em fóruns de discussão esotérica online começaram a sussurrar, seriam os guardiões sombrios de dimensões que o homem, em sua arrogância científica, ousou invadir?

De repente, a comunicação com a Terra foi restaurada, clara e forte, como se nada tivesse acontecido. As janelas da *Perseu III* mostravam novamente o vazio negro pontilhado de estrelas. Os espectros… haviam sumido. A tripulação está agora em um estado de choque, aguardando o retorno à Terra.

Mas a pergunta que paira no vácuo não é sobre a recuperação da nave, nem sobre os custos da missão. É sobre a Dra. Helena Vargas. A cientista cética que viu a face da magia negra no espaço profundo.

**Se a ciência é a busca pela verdade, o que fazer quando a verdade transcende os limites do método científico? E, mais importante: o que mais pode estar nos espreitando nas sombras do universo, esperando o momento certo para se revelar?**


Por: Felipe Bastos Guimarães

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *