Um hotel histórico com o fantasma de um hóspede que morreu tragicamente em um dos quartos.

Um hotel histórico com o fantasma de um hóspede que morreu tragicamente em um dos quartos.

**O Eco Silencioso do Quarto 302: Lendas e Lamentações no Palace Imperial**

O Palace Imperial, erguido em meados do século passado no coração de uma cidade que respira história e saudade, ostenta uma beleza atemporal. Sua arquitetura grandiosa, os lustres de cristal que ainda sussurram histórias de bailes passados e os corredores largos guardam mais do que memórias de luxo e descanso. Dizem que guardam também a alma de um hóspede que nunca partiu.

No Quarto 302.

A senhora Dona Eulália, com seus olhos marejados e mãos que tremiam ao segurar a xícara de café, é uma das guardiãs silenciosas do Palace. Há mais de quarenta anos ela serve o café da manhã aos hóspedes, e o Quarto 302, ela jura, tem uma presença incomum. “Não é um fantasma de assustar, sabe?”, confidenciou-me, baixando a voz como se temesse ser ouvida pelas paredes. “É mais uma tristeza. Um frio que vem do nada, às vezes o cheiro de perfume antigo, um suspiro que a gente escuta quando o hotel está quieto.”

O hóspede em questão, segundo os boatos que circulam pelos bastidores do hotel e pelos cafés próximos, foi o jovem Elias. Um artista promissor, cheio de sonhos e com o futuro à sua frente. Chegou ao Palace em busca de inspiração, em um momento de glória pessoal, mas algo se quebrou. A versão oficial fala em um acidente, uma queda fatal da sacada do Quarto 302. Mas as entrelinhas, os sussurros nos becos da cidade, insinuam uma história mais sombria: um amor não correspondido, uma dívida impagável, uma depressão que o consumiu em silêncio.

“A gente sente a angústia dele”, diz Seu Jorge, o zelador aposentado que ainda frequenta o hotel para jogar conversa fora. “É como se ele estivesse preso ali, revivendo alguma coisa. Uma vez, o porteiro novato jurou ter visto uma figura pálida olhando pela janela do 302, mesmo o quarto estando vazio. Deram um susto danado nele, mas quem nunca ouviu falar do Elias?”

O Quarto 302, em si, não difere muito dos outros quartos históricos do hotel. A mobília é antiga, o papel de parede discreto, a janela com vista para a praça central. Mas para aqueles que se hospedam ali, especialmente nas noites mais escuras, a experiência pode ser sutilmente diferente. Relatos de objetos se movendo levemente, uma sensação de estar sendo observado, ou um arrepio inexplicável que percorre a espinha.

“Eu me hospedei lá no ano passado. Era uma viagem de trabalho”, conta Ana Paula, uma executiva que prefere o anonimato. “Não sou cética, mas também não acredito em fantasmas. No entanto, naquela noite, eu senti uma presença. Uma melancolia pairando no ar. Cheguei a acordar no meio da noite com a sensação de que alguém estava sentado na poltrona. No dia seguinte, pedi para mudar de quarto, apenas por precaução. O hotel foi gentil, claro, mas a sensação não me abandonou.”

O Palace Imperial, com sua história rica e sua clientela que transita entre o saudosismo e a busca por experiências únicas, parece abraçar sua lenda. Não há um “tour de assombração” oficial, mas o murmúrio sobre o Quarto 302 se tornou parte do folclore do lugar. Para alguns, é um conto de fadas sombrio, um lembrete da fragilidade da vida e da permanência do sofrimento. Para outros, é apenas uma história para assustar turistas desavisados.

Mas Dona Eulália, enquanto serve o último café da manhã do dia, olha na direção do elevador que leva ao terceiro andar e suspira. “Ele ainda procura alguma coisa. E acho que não vai encontrar paz enquanto não achar.”

Elias, o jovem artista, permanece no Quarto 302, um eco de sua tragédia impregnado nas paredes. Mas o que realmente o impede de descansar? Seria um amor não encontrado, uma injustiça que nunca foi reparada, ou a própria melancolia de uma vida interrompida cedo demais?

**Qual a verdadeira história por trás da queda de Elias no Palace Imperial, e o que o prende eternamente ao Quarto 302?**


Por: Felipe Bastos Guimarães

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